terça-feira, 2 de março de 2010

Lembro-me

Lembro-me de te ver tardar a casa. Das tuas ausências cada vez maiores.
De olhar repetidas vezes da varanda da casa onde vivíamos para a rua para ser a primeira a ver-te chegar. Corria então até ao patamar e descia as escadas quase em voo para te saltar para o colo de que já sentia tanto a falta.
Não era em casa que entravas e eu ficava envergonhada atrás da porta até ganhar forças para subir as escadas cujos degraus me pareciam agora enormes e difíceis de transpor. Ia para o meu quarto, subia para a minha cama e a um canto enovelava-me e deixava as lágrimas caírem.
No meu sonho de menina-mulher tu eras só meu e cada instante que me era roubado era uma eternidade de que eu nunca conheceria o sentido. Só lhe saberia a dor que mais tarde recusaria sentir em cada homem que quisesse estar no lugar que afinal era só teu.

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